domingo, 5 de outubro de 2014

Poema para você



Eu te odeio porque te amo
Quero distancia, pois não posso ter perto
Invento problemas, para ser mais fácil
De entender a culpa, a raiva e a pena

Eu te odeio porque te amo,
Tua essência, teu cheiro e teu sorriso
Fazem-me mal, pois me esqueço de mim
Não quer isso, não assim...
Não desta forma desenfreada
Em que é tão sutil a linha que separa
A razão da loucura de sentir...

Eu te odeio porque te amo

Mas tudo é questão de tempo
Ate eu perceber que te amo porque te odeio
Que te amo, pois não gosto do seu jeito
Que odeio e não sei mais gostar
É questão de tempo até que tudo finde
E só reste uma memória singela
Uma brisa na mente e sua foto
Guardada em algum pedaço do meu peito
Entre o amor e o ódio de você existir

Não quero enganar as flores
Nem fazer chover mais do que se deve
Vou calar o grito aqui de dentro
Que teima em gritar para o mundo
Que amo você do seu jeito
Mas não sei amar do meu...


- natan duarte -




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Nada mais além disso


Sentado depois de um almoço longo e entediante, segurando uma moeda, imaginei o quanto falamos de duas faces, como se tudo e todos tivessem dois lados, dois pesos, tudo em dois ou em dobro. Talvez um bom e outro ruim. Tudo esta entre quem fere ou o ferido. Mas tem algo incomum para a alma, é uma coisa que chamamos de saudade. Independente se você foi ou é ferido, esse dito é traduzido de maneira mais fiel quando a saudade é a maior prova de que o amor valeu a pena. Sentir falta é bom, é ruim. Em todos os aspectos, ou um ponto de vista. Quem há de entender, saudade é amar um passado que machuca o presente, talvez uma imbecil felicidade temporária. É deitar na rede e ficar remoendo as brigas, desilusões e lembrar das ardentes reconciliações depois de tudo, depois de tantas brigas por motivos tão minimamente importantes. Sente-se falta das músicas, rupas no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não consegue nos matar, porque sentimos também prazer nessa tortura. Saudade é o amor indo embora gota a gota, independente do amado já ter esquecido. Sentir saudade é imaginar onde está ou estaria agora, se ainda bebe vinho, se chora por filmes bobos e adora os que assustam, se pergunta se anda cuidando do corpo, mente e alma. Quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e se escorre incontrolavelmente dos olhos. Sentir saudade é aquela incontrolável sensação da ausência de alguém ao lado. É mudar radicalmente a rotina, comer mais saladas, menos refrigerante e frequentar lugares ridículos para esquecer um pouco, ter dias mais longos, ter mais tempo para os amigos, para o bichano e ouvir as brigas dos vizinhos. A saudade é uma permuta da expectativa de um reencontro inesperado. Às vezes, a saudade tem uma dimensão tão grande que deixa de ser só um sentimento, nos tornamos um ser só composto de saudade. Vivemos para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável rua que há de passar, confundir cabelos, cor da pele, bocas e perfumes, é sorrir com os lábios tendo o coração sufocado por alguém que não está mais ali. Mas a saudade foi feita para provocar dor, talvez seja o meio mais eficaz de provar o quanto amamos alguém, no passado ou presente. A saudade é um espelho quebrado sem a possibilidade de reconstrução, capaz de agregar seus reflexos opostos em mil estilhaços de tristeza e felicidade, onde a lembrança é somente o que foi, mas hoje, há somente pequenos pedaços para recordar. Se sente ainda saudade, é sinal de que houve bons momentos, mas no final das contas, a saudade ainda esta ali para maltratar, e não é mais nada além disso, não é mais nada além de saudade.

- marcosask


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Eterna Saudade


Existe sempre um ponto final, e sou eu, assim me chamo. Talvez um sonhador, e sonhar me lembra solidão e disso tenho demais em meus bolsos. Em uma tarde de domingo, só, me reencontrei com alguém que não via há séculos, me reencontrei com pedaços de mim guardados onde eu nunca devia encontrar, pedaços que um dia me fez sorrir. É desse lado da cidade que a chuva sempre cai, me faz sentir escuro, fico calmo mas restrito ao mundo. Nem o som das alegrias me fazer ter um pouco de sorriso sincero no olhar. É bom quando a chuva molha por dentro, onde parece que só esta seco e sem vida. Desde que o olhar de estrela da menina se foi, não consigo mais carregar a constelação que existia aqui.

São nesses dias cor cinza, que me perco em algum canto do meu quarto bagunçado, e é o melhor que consigo e única coisa que sei fazer. Perder, isso também explica o olhar vazio para a estrela cadente que cai de meus olhos. Tentei contar gatinhos, ratos e até cachorros para tentar dormir. Ultimamente tenho perdido valores, alguns poucos sentimentos puros jogados aos ventos fortes e frios. Isso é o mais triste de tudo, perder o que me mantinha no alcance das mãos. O que consigo regar com esses carinhos e lágrimas de inverno.

Mas quem sabe um dia, hei de iluminar a escuridão que sou e sentir entre esse infinito corredor a presença da alma estrelar, onde adoro nos cantos daquele céu azul nos domingos calorentos, quando ela fugia pelas paredes brancas e sorria pelo cantinho da boca, me guardava ali, um sorriso onde não há beleza para comparar. Ela era tudo, até mais que um céu inteiro, era um mar profundo de um azul que refletia o meu céu.

Foi a solidão, a perda e suas poesias que estão aqui.

O que é de bonito em mim, talvez esteja nas veias, ainda sei rezar, mas sou uma grande perda solitária. Sei que alguém já é exuberante, e é linda bastante para rodopiar e voar para o mundo, não sou feito só de solidão, devo ter um pouco disso tudo, mas hoje, só sou eu apaixonado pelo que não devo me apaixonar.



- marcosask -